Perspectiva de motociclistas acidentados sobre riscos e acidentes de trânsito
DOI:
https://doi.org/10.35699/reme.v22i1.49672Palavras-chave:
Acidentes de Trânsito, Motocicletas, Risco, Análise Qualitativa, Saúde PúblicaResumo
No trânsito urbano evidenciam-se disputas por espaço e ressaltam-se situações de conflitos e violência, resultando em elevado número de acidentes, especialmente com motociclistas. Entre os determinantes e condicionantes para tais ocorrências, incluem-se os modos de pensar a vida e tomar decisões explicitadas nas representações das pessoas envolvidas, para além de fatores objetivos relacionados à vida na cidade. Objetivou-se compreender representações de motociclistas que sofreram acidente de trânsito, em Belo Horizonte, Minas Gerais, acerca dos riscos e ocorrência de acidentes. A análise dos dados colhidos em entrevistas individuais de acidentados hospitalizados foi fundamentada nas propostas de Giami, no referencial psicossocial das representações sociais, que permitiu a construção de duas categorias relativas à violência no trânsito: a) representações sobre lesões sofridas com motocicletas; 2) representações sobre o trânsito. Os resultados mostraram que a projeção de responsabilidades está fortemente presente nas representações sobre violência no trânsito. Posturas psicossociais são fortalecidas nas disputas, por meio de representações de supervalorização do transporte individual, pelo sentimento de invulnerabilidade pela crença de que os acidentes somente ocorrerão com os outros, entremeadas pelo consequente enfraquecimento das relações de equidade no trânsito. Concluiu-se que a construção psicossocial realizada por meio das interações sociais ao longo da vida, em contextos culturais e sociais específicos, define posturas de incorrer em mais ou menos riscos no trânsito, impactando no modo de condução da motocicleta no cotidiano.
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