Os arcos barroco, de transição e moderno sob a égide positivista

uma discussão sobre o conceito de evolução tradicionalmente aplicado ao desenvolvimento do arco de violino

Autores

DOI:

https://doi.org/10.35699/2317-6377.2022.37881

Palavras-chave:

Arco de violino, Arco barroco, Arcos de transição, Arco moderno, Positivismo e música

Resumo

Na historiografia do arco de violino, é comum defrontar-se com a concepção de uma sequência linear e progressiva em seu desenvolvimento no transcorrer dos séculos, marcada pelo aperfeiçoamento de um espécime rudimentar rumo à perfeição do arco moderno. Violinistas referenciais do século XIX, como Woldemar e Baillot, bem como o historiador Fétis, desenvolveram quadros que ensejam a caracterização de uma evolução do arco. Trata-se, no entanto, de uma noção marcada pelo pensamento positivista. Essas imagens, amplamente reproduzidas em livros e artigos, cristalizaram uma realidade distinta daquela apresentada pela tratadística e pela iconografia dos séculos XVII ao XIX. Neste artigo, procuramos demonstrar, por meio de extensa revisão bibliográfica e análise iconográfica, que inúmeros modelos de arco coexistiram na prática musical entre 1600 e 1850 –  tendo em vista a diversidade das necessidades impostas pelos instrumentistas, gêneros e estilos –, e que uma compreensão histórica destes, somente através de um prisma evolutivo, seria reducionista.

Biografia do Autor

  • Adonhiran Reis, Universidade Estadual de Campinas

    Professor de violino na UNICAMP, Adonhiran Reis iniciou-se no instrumento com Marie Christine Springuel e Paulo Bosisio, estudando posteriormente em Paris como bolsista da Fundação Vitae. Apresenta-se regularmente nos principais palcos e festivais do Brasil, e em países como França, Alemanha e Tunísia, ao lado de artistas como Antonio Meneses, Bruno Giuranna e Hagai Shaham. Entre os anos de 2018 e 2020 foi professor de violino da UFMG. Em paralelo à docência, também é membro do Quarteto Carlos Gomes, com o qual lançou três discos pelo Selo SESC, apresentando obras de Nepomuceno, Levy, Gomes, Velásquez (prêmio Bravo! de melhor disco erudito do ano de 2018), além de um disco com Guinga. O Quarteto Carlos Gomes também mantém desde 2017 uma parceria com a Editora da Osesp, com a edição de partituras de obras brasileiras para a formação. Em 2019 publicou um livro sobre a prática de quartetos de cordas, e atualmente lidera um grupo de pesquisa no CNPq intitulado Grupo de Estudos da Performance de Instrumentos de Cordas - GEPInC.

  • Marcus Held, Universidade de São Paulo
    Doutor em Musicologia pela Universidade de São Paulo, sob orientação da Profª Drª Mônica Lucas. Violinista e pesquisador dedicado à música dos séculos XVI, XVII e XVIII, realizou a primeira tradução da integral da obra tratadística de Francesco Geminiani (1687-1762). Especializou-se na Escola de Música do Estado de São Paulo (EMESP), com Luís Otávio Santos, e na Escola Superior de Música de Catalunya (ESMUC-Barcelona), com Emílio Moreno. Atualmente, é membro-pesquisador do Grupo de Estudos da Performance de Instrumentos de Cordas (GEPInC – Unicamp), Spalla do EOS – Música Antiga USP, da Trupe Barroca (ES) e professor de Violino Barroco, História da Música e Música de Câmara no Conservatório de Tatuí. Idealizador e fundador do Música Pretérita, projeto dedicado à divulgação da pesquisa em música ao grande público (YouTube e Instagram).

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Publicado

2022-02-15

Edição

Seção

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Como Citar

“Os Arcos Barroco, De transição E Moderno Sob a égide Positivista: Uma discussão Sobre O Conceito De evolução Tradicionalmente Aplicado Ao Desenvolvimento Do Arco De Violino”. 2022. Per Musi, nº 42 (fevereiro): 1-25. https://doi.org/10.35699/2317-6377.2022.37881.

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