Cultura negra e sobrevivência: samba, rap, funk e o racismo sintomático
DOI:
https://doi.org/10.17851/2317-2096.28.4.137-154Palavras-chave:
cultura negra, racismo, sintoma, sobrevivência, democracia racialResumo
Este ensaio discute as ideias de sintoma e sobrevivência – como elaboradas por Georges Didi-Huberman – a partir de uma comparação do lugar social de três movimentos musicais brasileiros fortemente associados à negritude: o samba, o rap e o funk carioca. Observa-se que o tratamento, em grande medida discriminatório, dado pela sociedade brasileira ao samba, no passado, e ao rap e ao funk, no presente, explicita o caráter sintomático do racismo em nosso país. Ainda que desde a década de 1930 se venha construindo um discurso que busca disseminar a ideia de democracia racial no Brasil, o racismo insiste em ressurgir nas mais variadas relações sociais, da maior probabilidade de morte por meios violentos enfrentada pela população negra às dificuldades que se impõem a suas produções artísticas.
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